quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

As minhas biclas

"Mas afinal quantas bicicletas tens?"
Esta é uma pergunta que alguns amigos me fazem repetidamente, num misto de espanto e de gozo, de cada vez que me vêm rolar numa bicla diferente.
Nunca sei ao certo quantas são, e mais do que os números cada uma delas tem uma história e uma razão para ter sido escolhida. Resolvi então fazer uma apresentação de cada uma delas. 
Comecemos. Por ordem cronológica de aquisição:

1 - Scott Peak - comprada em 1997



É  a bicicleta que tenho há mais tempo. Com ela descobri o BTT juntamente com alguns amigos, sobretudo em passeios domingueiros na Serra de Sintra. Já rolou em muitos outros trilhos do país, e levou-me numa viagem a solo pela Costa Vicentina. Já esteve equipada com uma suspensão mas por avaria desta, que coincidiu com o inicio de um período de utilização urbana, voltou a vestir a forqueta de origem. Entretanto reformou-se desse serviço utilitário, com a aquisição de outra bicla, e depois de lhe calçar uns pneus adequados, voltou à sua função original de btt. Sim, faço btt com uma rígida sem suspensão, mas o quadro é em aço cromoly e uso pneus largos com pouca pressão. Sweet ;) Os muitos km´s percorridos com esta bicicleta fizeram-me ganhar por ela um certo valor afectivo. Há uma história entre nós. É também por isso que tenho tanto gozo em rolar com ela. É uma bicla com alma!! Não a trocava por outra btt -ultima-versão-xpto-racing-high-tech-ultra-modernaça. Manias...

2 - Masil Altec2, de 2001


Andava então entusiasmado com as imagens do Tour de France e do Giro de Itália. Nunca tinha pegado numa estradeira mas estava decidido em experimentar a roda fina. A escolha recaiu sobre uma Masil, construída à minha medida e com direito a selecção detalhada dos componentes e pintura. Sendo na altura fã da equipa Recer-Boavista, optei por uma pintura tipo réplica, mas sem os logos roxos e dissonantes da "Recer". É engraçado olhar para os meus critérios desse tempo. Hoje a escolha seria bem diferente... Iria preferir uma bicicleta menos racing, no comportamento e na estética... Mas esta Masil foi escolhida e desejada assim: por um jovem fã, cheio de vontade de rolar no asfalto, imaginando-se numa etapa da volta. :)  E foi assim que a usei muitas vezes. Desfrutando da sua velocidade e reacções rápidas, embalado também pela minha imaginação. O quadro é em alumínio, a forqueta em carbono e a transmissão está entregue a um grupo Campagnollo Mirage / Veloce e calça uns anorécticos pneus 700x20c. Entretanto troquei-lhe o avanço de origem (longo) por outro curto e com maior elevação para conseguir uma posição um pouco mais descontraída e usa-la em passeios de maior distância. Uma bicicleta construída sob as nossas especificações e que nos acompanhou em tantos anos e km´s também se torna especial. Por isso, tal como a Scott, esta também é para ficar!

3 - B´Twin Riverside 3 (2010)


Antes da compra desta Riverside rolava na cidade com a scott peak (ver acima). A btt até cumpria bem o seu serviço mas vários componentes já pediam reforma e tinha saudades de a usar nos trilhos. Por isso, já andava de olho numa máquina que fosse mais adequada às minhas deslocações diárias. Quando a decathlon colocou este modelo em saldo (-50%) para lançar a "nova coleção" que a vinha substituir, a decisão foi fácil... Uma bicicleta roda 700, quadro com geometria muito confortável e capaz de levar muita carga, para-lamas sks, dínamo no cubo, porta-cargas... Tudo o que precisava para devolver a Scott Peak à função original e ter uma verdadeira utilitária.
E para que serve esta bicicleta? Bom... para tudo!! É uma excelente bicicleta utilitária, para as deslocações diárias, para ir às compras, para dar um passeio domingueiro ou para ir fazer uma viagem em autonomia por estrada e alguns trilhos, com muita tralha atrás. Uma bicicleta de trekking é assim um misto entre uma de estrada e uma btt. Alia o melhor de dois mundos.
É pesadona mas capaz de superar qualquer subida graças à boa amplitude da transmissão. Depois de embalada é uma delicia senti-la a galgar km´s. O peso, as rodas grandes e a longa distância entre eixos conferem-lhe também uma estabilidade impressionante. Grandes acelerações não fazem o seu estilo, mas se a intenção for rolar descontraidamente, o prazer é garantido!



4 - Giant Terrago - modelo de 1993 (comprada em 2011)

Esta veio parar cá a casa por mero acaso. Ou melhor, por sorte. Muita sorte! É uma btt old-school. Do meu tempo, portanto. :) As tubagens elegantes são em aço cromoly, como eu gosto, e à minha medida, o que também não é comum! Está equipada com um jurássico grupo shimano Hexage-LX e todos os componentes estão em perfeito estado de funcionamento, apenas o quadro apresenta algumas esfoladelas na pintura. Por outras palavras, tem patine. :).
Tudo isto por um preço irrisório de 50€. Ainda vendi os pneus estradistas que trazia montados por isso a aquisição desta fantástica bicicleta ficou-se pelos 30€! Ah, e muito importante, apesar do preço, não era uma bicicleta roubada! Eu conhecia o antigo dono! Jamais compraria uma bicicleta se suspeitasse que tivesse sido roubada...
Está estacionada em casa de familiares, em Alenquer, onde por vezes vou passar os fins-de-semana. Tenho-a usado por isso para fazer btt em passeios domingueiros naquela região.
O feeling de condução que o quadro propicia é extremamente agradável. A bicicleta é muito confortável e tem um comportamento muito "calmo". Nunca pesei esta bicicleta mas é claramente muito mais leve que a scott peak, que pesa 13,3kg. Do seu comportamento apenas sobressai mais negativamente a falta de potencia dos travões em cantilever. Mas é uma questão de habituação. Afinal de contas, é uma clássica! ;)

5 - Batavus - montada em 2013



Esta é uma bicicleta completamente diferente de todas as outras que tenho!
Foi montada na Rcicla a partir de um quadro Batavus NOS ("new old stock"). O quadro, para além de muito bonito é em aço reynolds 531 e é muito leve! A bicicleta pesa apenas 9,3kg o que é um valor excelente considerando também que muitos dos seus componentes não são propriamente "pesos pluma". É um quadro de uma estradeira e talvez um dia eu lhe dê essa roupagem, mas por enquanto é uma bicicleta de carreto preso (fixed gear). Basicamente, uma fixed gear é uma bicicleta sem o mecanismo de "roda livre". Ou seja, o carreto está preso à roda obrigando os pedais a rodarem sempre que a roda está em movimento. A condução desta bicicleta é assim radicalmente diferente!! É uma bicicleta exigente mas simultâneamente muito fixe de conduzir. Parece ter vontade própria e é necessária alguma habituação para controlarmos os seus impetos, sobretudo para a dominar nas descidas... Nas fixed gears a ligação homem-máquina é total. O pedalar constante torna-se inebriante e viciante. Conduzimos com os sentidos ao rubro. Em torno das fixed gear existe uma sub-cultura própria e há quem use exclusivamente este tipo de bicicletas. Não é o meu caso. Gosto muito desta bicicleta pelas sensações que transmite na sua condução e pela sua estética espartana e mecânica simples e eficaz. Porém, não é uma bicicleta que goste de usar todos os dias... Uso-a para transporte ou lazer mas tenho que estar "para aí virado". Ou seja, o meu estado de espirito tem que estar em sintonia como o "feitio" muito particular desta bicicleta. Quando isso acontece, rolar nela é simplesmente brutal!!! Mas se quiser um passeio mais relaxado, esta batavus simplesmente não serve...


6 - Cresta (?)


Esta bicicleta foi-me oferecida por um vizinho que a tinha na sua arrecadação parada há anos... :)
Está comigo desde 2013 mas não sei a idade dela. Presumo que a sua origem se situe algures entre o final da década de 70 e princípios de 80...  Não tem marca gravada no quadro, mas fiz umas pesquisas na net e conclui tratar-se de uma "Cresta", uma marca Suíça.
Depois de a acolher cá em casa, dei-lhe alguns mimos para a colocar de volta à estrada. Dei umas voltinhas com ela e gostei do conforto proporcionado pelo aço e pela geometria relaxada do quadro e forqueta. Passou o verão emprestada a amigos e depois foi desmontada para uma revisão mecânica mais profunda. Tem-me dado imenso gozo essas incursões na mecânica. Qualquer dia coloco mais informações sobre as modificações que estou a fazer nesta bicla... Para já existe apenas um monte de peças espalhadas... :)


7 - Quipplan Q10 City (2013)
 

A Quipplan é o meu principal meio de transporte. É uma bicicleta dobrável com assistência eléctrica. É extremamente ágil, prática e surpreendentemente estável. Com ela, as minhas deslocações de bicicleta aumentaram exponencialmente, ficando assim a mota relegada para 2º plano (o carro já há muito que passou para 3º plano...).
Para conhecerem melhor esta maravilhosa máquina podem ver este post aqui do blog.


E pronto, está apresentada a frota. :) Parece que são 7 bicicletas. São demasiadas? Bom, a verdade é que dou uso a elas todas!!! E por vezes ainda "roubo" a bicicleta da minha companheira, uma Electra Townie, para uns passeios relaxados à beira rio. Porquê? Porque a townie tem uma geometria muito particular que convida a deslizar com ela tranquilamente e a viver a vida mais devagar... Por isso, posso num dia usa-la para ir para o trabalho e no dia seguinte optar pelo extremo oposto - a batavus.

Numa perspectiva meramente racional, para além do número de km´s percorridos justificar por si a existência de todas elas, o facto de serem veículos com pouca (nalguns casos nenhuma) desvalorização e sem outras despesas associadas, como no caso de um carro, torna tudo mais compreensivel.
Mas na verdade, apesar deste número elevado de bicicletas ser facilmente justificado, a melhor razão para as ter é sobretudo pelas sensações que elas propiciam: Diferentes mas todas elas maravilhosas! :)







2 comentários:

  1. Júlio,

    Tens uma colecção muito eclética, e cada bicicleta tem uma história. A fórmula para saber qual o número certo de bicicletas para cada um talvez seja simples: aquelas que conseguirmos usar ou desfrutar. Duas, para mim, já parecem demais. Sete, para ti, talvez seja conta certa.

    Abraço,
    Vasco

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  2. Eu pensei que tinha muita ;)
    Eu tenho uma de BTT, uma de estrada, uma dobrável e uma Fixed, ou para quem não está dentro do mundo das bikes: um SUV, um desportivo, um familiar (a dobrável é onde está a cadeira do bebé) e um citadino respectivamente!
    Vem uma single-speed para a mulher a caminho e não sei se posso somar as 3 que me roubaram!

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