quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MAMIL

O acrónimo MAMIL ("Middle aged man in lycra") é hoje comum no universo ciclistico. Nada contra. Eu acho que cada um deve usar, orgulhosamente, aquilo que o faz feliz! E se isso divertir os restantes, tanto melhor :)


domingo, 1 de novembro de 2015

O essencial


Junto à fogueira, enquanto preparávamos os nossos jantares, eu e dois amigos conversávamos sobre a arte de viajar levezinho.
No bikepacking, como na vida, "menos é mais", e os meus companheiros de aventura, mais experientes que eu, tinham a técnica já bem apurada. Isso via-se nas formas originais e sábias, de embalar e transportar apenas o que é essencial. Mas o essencial incluía também uma garrafa de vinho, machados e um instrumento musical. Acho que era um ukelele mas não tenho bem a certeza...
Claro que aqui não há contradição nenhuma porque a fogueira é indispensável e para isso os machados são necessários. E a música e vinho, por razões óbvias, também não se podem dispensar quando se vai acampar com os amigos, algures para o meio do mato.



Mas o tema do que é essencial não se restringe à carga.
Essencial é também estar no meio da natureza. Deixar para trás "os confortos" que nos aprisionam e as preocupações que nos entorpecem a mente. Fazer uma pausa do frenezim do dia-a-dia. Saborear uma refeição simples, temperada pela fomeca que se instala depois de uns poucos km´s bem divertidos em trilhos lamacentos. Ficar ali na companhia de amigos e conversar com eles noite fora junto à fogueira. Tudo isso é essencial para mim.



Mas como conseguir isso? A resposta vem em forma de sigla: S24O, ou - "sub 24 overnight".
A receita é simples: Pegar na bicla num sábado à tarde, rumar a um sítio bonito no meio da natureza, montar o acampamento, pernoitar, e na manhã seguinte rumar a casa, chegando a tempo de almoçar com a família.
Assim, sem inviabilizar outras combinações nos sempre curtos fins-de-semana, conseguimos uma experiência de "micro-aventura", que nos deixa a sensação de ter durado mais tempo do que aquele que de facto lhe dedicámos.

É tão simples quanto isto! E que bom que foi este meu primeiro passeio neste formato! Foram apenas cerca de 40km, dos quais talvez 30 tenham sido por estrada e os restantes em trilhos. Mas valeu bem a pena! Obrigado ao Gonçalo e ao Pedro, pela companhia neste passeio memorável. E que possamos fazer muitos mais! :)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Aquele instante


É aquele instante em que tudo está onde e como devia estar.
Em que a nossa mente está absolutamente desperta e presente, captando com todo o detalhe as vibrações do quadro, o som do cubo, os músculos a fervilharem, a respiração ofegante, o deslize, o suor a escorrer no rosto... Momentos que este vídeo transmite magnificamente:



A Flow State from Charles Schwab on Vimeo.





quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A nova Velosolex

Lembram-se da Velosolex? 

Pois bem, preparem-se... uma nova Velosolex vem a caminho!!

A nova versão tem sido testada na zona de Oeiras, onde foi vista amarrada a um poste, enquanto certamente os engenheiros responsáveis pelo seu desenvolvimento se banhavam nas praias ali perto...


As fotos mostram um veículo que mantém a tradicional colocação do motor, com um engenhoso sistema de transmissão ao eixo pedaleiro.


A nova Velosolex substitui o pequeno motor de combustão por um motor elétrico, alimentado por baterias colocadas no quadro, garantindo assim uma boa distribuição do peso do veículo.

As baterias estavam ocultas por detrás de uma fita/papel de jornal, como aliás é habitual nas aparições públicas dos protótipos que ainda estão em desenvolvimento. Como sabem, o segredo é alma do negócio.


As muitas horas dedicadas a este projecto não deixaram tempo de sobra para mariquices estéticas. Aqui a beleza é bruta. Está no próprio ferro e no engenho mecânico. Um estilo polémico mas que merece o meu aplauso. Gosto do contraste entre a inovação e um aparente, mas irreal, abandono. Reparem no quadro ferrugento, na cor solitária da forqueta, na ausência do punho direito, no desgaste dos pneus, no porta cargas e no próprio cadeado. Tudo se conjuga num estilo muito interessante! Resta saber se intencional e definitivo ou apenas pontual para disfarçar o protótipo da curiosidade jornalistica...

O tempo dirá se as nossas ruas se voltarão a encher destes simpáticos veículos ou se esta é apenas uma construção solitária, excentrica e bizarra... Seja como for, os meus parabéns para o autor desta maravilha! :)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O Ruído


O ruído das cidades é uma agressão constante, que muitos de nós sofremos sem termos uma real consciência dela. A nossa mente, tende a direccionar a nossa atenção para os estímulos que são novos, e tudo o resto que está à nossa volta vai sendo automaticamente passado para segundo plano. Por fim, deixamos de reparar no ruído. Mas ele está lá, corroendo dissimuladamente o nosso bem-estar.

Conseguem imaginar uma cidade sem ruído? Refiro-me ao ruído e não ao som da vida nas ruas, do próprio rebuliço, que também lhe dá encanto.  Conseguem imaginar o quanto os vossos dias seriam mais belos? Este vídeo ajuda a passar essa perspectiva:



Mas por muito interessante que seja um vídeo, nada como a vida real! Façam a experiência. Parem. Tomem consciência do som à vossa volta. Seja no meio do caos ou num oásis de tranquilidade. Não seria bom? Então façam como ensinou o Ghandi, sejam a mudança!



P.S. - Enquanto  escrevo esta posta, ouço vindo lá de baixo, rompendo o ruído do trânsito, a melodia de um amolador! Nem tudo está perdido! :)



 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Passeios pelas Ecopistas


As ecopistas são antigos troços ferroviários que foram transformados em vias cicláveis e pedonais.

Nestas férias tive oportunidade de dar um passeio em família na Ecopista de Guimarães e na Ecopista do Minho. Adorei a experiência!

Ao pedalarmos numa ecopista, por ser uma via sem trânsito motorizado, podemos desfrutar muito mais do passeio. Para trás fica o stress que o trânsito automóvel nos provoca, quando com eles temos que partilhar a via. Em vez do ruído dos automóveis temos a companhia do som dos pássaros, do vento, da roda livre da bicicleta e das conversas e gargalhadas daqueles com quem vamos partilhando o caminho.

No dia em que fizemos a Ecopista de Guimarães estava imenso calor! Fizemos apenas a ecopista numa direcção e, por sorte, começamos em Guimarães e assim o trajecto foi quase sempre a descer.

Esta foi a primeira Ecopista que fiz e gostei muito, mas a do Minho que percorremos poucos dias depois, foi muuuuuiiito mais interessante!

A Ecopista do Minho não apresenta qualquer desnível. É sempre plana, acompanhando o percurso do Rio Minho. Começámos em Monção e pedalámos os três até Valença, cerca de 13km, com algumas paragens para pic-nic e brincadeiras. No regresso atrelei o pequenote no trailgator e ainda desviámos um pouco da ecopista para ir espreitar de perto as águas do Rio Minho.

Deixo-vos aqui umas fotos destes passeios:

 Ecopista de Guimarães
  Ecopista de Guimarães
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
Rio Minho (perto de Valença)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Descomplicar a vida

Aqui o pasquim tem andado sem pedalada. Não por desinteresse nas bicicletas mas por falta de pachorra para as internets.

Mas esta posta não podia deixar passar. Pelo menos tenho a certeza que o Nuro vai ficar radiante, e só por isso satisfaço 25% dos meus leitores. Nice! Tenho até a certeza que com esta ele me vai pagar um cafezinho! ;)

Então cá vai:


Pedalava a caminho de casa, ao fim da tarde, ali para os lados de Monsanto, quando encontro um ciclista com ar de quem trazia muitas histórias para contar.

Meto conversa pelo caminho mais óbvio: de onde vens, para onde vais? Já não me lembro ao certo da resposta que ele deu nesse momento, mas fiquei logo a perceber que não tinha um trajecto definido e que já trazia muiiiiiiiitos km´s nas pernas. Mais tarde havíamos de voltar a esse tema, já com um mapa à frente, e mesmo assim fiquei baralhado. É que o Keith não viaja propriamente a direito. Vai dando voltas e voltinhas e mais voltas e mais voltinhas. Com isso tudo havia passado pelo Vietname, Cambodja, India, China, Japão, Marrocos, Mauritania, Senegal, e por praticamente todos os países da Europa, à excepção do Lichtenstein e outro que agora não me lembro. E tudo isto repetindo várias vezes alguns países num trajecto que desenhado no mapa resulta num emaranhado deveras confuso e impressionante.

E por falar em impressionante, já vos contei com ele ia numa bike fixed gear!!

Oh yeah!!! Isso mesmo. Porque? Pelas razões óbvias, de que, tendo pernas (e se ele as tinha!!!) é só vantagens, sobretudo a facilidade de manutenção, fiabilidade e ainda a capacidade de travagem!

Capacidade de travagem com uma fixa, pensarão vocês? Pois, mas quando tivémos que parar atrás de um carro que se imobilizou no fim de uma descida com mais de 10% de inclinação, ele comentou qualquer coisa como "com uma bike com este peso, se não fosse poder trava-la com as pernas tinha ido contra esse Peugeot". Ok... mais de 65kg de bike não deve ser fácil de parar à custa de calços de travão. Mas como disse, é preciso pernas. E para o Keith isso não é problema. Antes de se fazer à estrada há já alguns anos, ele era corredor em velódromo. :)

Lá fomos rolando em amena conversa, eu todo curioso a querer aprender ao máximo como se faz uma viagem destas e ele super disponível a explicar o que toda a gente lhe deve perguntar, quando o indaguei sobre aquela noite. Sugeri-lhe o parque de campismo mas ele referiu que preferia evitar os parques por uma questão de orçamento. Monsanto não lhe parecera o sítio ideal para pernoitar e ia em busca de uma zona florestal mais distante, que havia visto no mapa. Percebi depois que era a Serra da Carregueira. Bom, já era tarde e obviamente que o convidei a ficar em minha casa, o que ele prontamente aceitou.

Em tempos já participei no Couchsurfing.com, como hóspede e como anfitrião, e pude voltar a comprovar o quão bom é poder acolher alguém. Adorei viajar com os relatos que ele me trouxe das muitas peripécias e reflexões sobre o mundo que ele vem construindo com a sua viagem.

Ficou sobretudo uma ideia, de que é preciso descomplicar. A vida enche-nos de medos. Medo disto, medo daquilo, e com isso construímos as nossas prisões. Quem se lança numa viagem destas aprende a largar essas amarras. Ainda que a filosofia não me seja estranha, os meus hábitos são outros e por isso fica ainda uma impressão/admiração com a perspectiva de não saber exactamente onde vai dormir amanhã, o que vai comer, para onde vai, e de o dizer com um sorriso nos lábios. Completamente despreocupado. Confiante de que tudo de bom vai aconter... Mas na verdade, preso nas minhas rotinas, eu também não posso garantir uma resposta às mesmas questões... :)
 
 
O Keith e a sua Bike
 
 
Boa viagem ao Keith e a todo os que se aventuram por aí!!!
Podem seguir o Keith aqui: http://keiththewheelman.com/

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Por uma ciclovia entre Alfragide e Lisboa!

Sendo um utilizador regular da bicicleta na cidade, o tema da mobilidade interessa-me muito! Quando a conversa puxa para aí, lá estou eu a defender o lugar das bicicletas e o seu potencial transformador. São máquinas fantásticas, de uma eficiência incomparável, e capazes de ser uma resposta simulaneamente prática e prazerosa, para muitas das nossas necessidades.
Nestas conversas, raramente me ouvem falar de ciclovias. Costumo até brincar dizendo que as há por todo o lado: São pretas e com faixas brancas. Procuro assim surpreender e contrariar os argumentos habituais do tipo "ah e tal, eu também fazia o que fazes (usar a bicicleta no dia-a-dia) se houvessem mais ciclovias". A verdade é que para além das sempre faladas ciclovias, existem muitas outras formas de promover o uso da bicicleta, nomeadamente medidas de acalmia e redução do tráfego automóvel. Não sou por isso adepto da segregação das bicicletas. Elas fazem parte do transito e o que faz falta é criar condições para a sã convivência dos vários modos de transporte.
Resumindo, é difícil ouvirem-me reivindicar uma ciclovia. Mais depressa, e faço-o muitas vezes, aponto as baterias noutras direcções. Mas, claro está, as ciclovias também têm as suas vantagens e há situações que as exigem.
No meu commuting habitual, entre Algés e Lisboa, uso uma das poucas ciclovias de Lisboa que considero realmente essencial e até bem construída (apesar das sistemáticas inundações a que está sujeita) - a ciclovia que liga a zona de pina-manique ao bairro da liberdade, paralela à "radial de Benfica". Essa ciclovia é uma porta de acesso à cidade muito importante e essencial para vários utilizadores. Sem ela, teria que fazer um circuito bem maior e por zonas mais perigosas em termos de transito. O problema é que entre a zona de Pina-Manique e a Decathlon de Alfragide a coisa muda radicalmente de figura. Esse troço apresenta vários perigos, nomeadamente um transito habitualmente rápido demais, condutores que não respeitam a distancia de segurança para com os utilizadores de bicicletas, curvas apertadas e com pouca visibilidade e zonas sem qualquer iluminação. Refiro-me a esta zona:
 
Foto "emprestada" daqui

Dadas as características daquele trajeto urge fazer algumas mudanças, nomeadamente:
1 - Ligar os candeeiros!!!!
2 - Tomar medidas para reduzir a velocidade do trânsito automóvel (lombas, radares, sinalização, fiscalização)
3 - Construir uma ciclovia.
Sim, é verdade! Ali, também eu, defendo a criação de uma ciclovia.
Digo, também eu, por dois motivos:
1 - O primeiro é que, como já expliquei, não é fácil defender esta solução por preferir habitualmente medidas que promovam a inclusão da bicicleta no restante trânsito e não a sua segregação (há muita informação na net defendendo esta estratégia). Logo, se defendo a existência de uma ciclovia é porque há uma razão muito forte para isso! E aqui há duas: A segurança de quem usa aquela percurso, e o potencial estratégico do mesmo, por ligar zonas residenciais à ciclovia da radial de benfica.
2 - Porque não sou o único! Há outros utilizadores de bicicleta que vêm apontando o mesmo, também fruto da sua experiência. Mas há também muitas outras pessoas, certamente muitas das que ficam engarrafadas nos seus carros nessa mesma estrada, que passarão a usar a bicicleta quando essa obra for feita.
A verdade é que para quem dá os primeiros passos, ou as primeiras pedaladas de bicicleta na cidade, as ciclovias representam um incentivo muito importante.
A possibilidade de ligar o Parque de Campismo é também um objectivo a não descurar. Há uns meses encontrei um casal de reformados holandeses, em Turismo por Lisboa, que saiam do Parque de Campismo e estavam ali naquela estrada assustados e perdidos. Escoltei-os até ao inicio da ciclovia em Pina-Manique e dali seguiram para explorar o resto da cidade. Confesso que nesse momento me envergonhou o atraso do nosso país nesta matéria...
Por tudo isto, gostava mesmo que fosse construída uma ciclovia no troço Alfragide-Lisboa. Naturalmente que seria interessante e faz todo o sentido que a mesma depois siga em direcção a Algés, mas julgo que o primeiro troço é prioritário e essencial por questões de segurança!
Acrescento ainda que isto de reivindicar ciclovias não é um capricho! Não se tratam de exigências vãs. Em primeiro lugar, esta necessidade prende-se com segurança dos utilizadores daquela estrada! Mas já agora, convém relembrar que o uso da bicicleta no dia-a-dia interessa a todos! Até aos que não prescindem do carro. Reparem: Em cada mês percorro cerca de 300km nas minhas deslocações casa-trabalho-casa. Isso tem um impacto imenso na minha qualidade de vida, nomeadamente no meu bem-estar físico e psíquico. Mas não só. Representa também menos um carro a engarrafar os restantes, a ocupar um espaço de estacionamento, a emitir poluição atmosférica e sonora, a contribuir para a importação de combustíveis fósseis. Ah... e tal como vários estudos apontam, a utilização regular da bicicleta promove uma maior eficácia laboral e a redução no número de baixas médicas. Por isso é que há países europeus onde as empresas pagam aos seus funcionários para usarem a bicicleta. Porque sabem que no final, ficam a ganhar! Por cá, pedalamos ainda muitas vezes contra a corrente... mas a maré está a mudar, e é altura de construir esta ciclovia.


Nota:
Este tópico surge na sequência da iniciativa do autor deste blog, a propósito da necessidade de construção desta ciclovia. Recomendo a leitura do, muito detalhado,  estudo que ele fez sobre este assunto. Nuro, bem haja a tua iniciativa! Espero que se crie uma massa crítica capaz de fazer avançar esta obra que interessa a todos! Vamos a isto! Quem se quiser associar, começe por deixar aqui o seu manifesto e junta-se à causa.